Durante a Primeira República, 1889-1930, o Brasil foi governado basicamente por duas oligarquias que se revezavam no poder: a oligarquia cafeeira, de São Paulo, e a dos produtores de leite, em Minas Gerais. Por isso era chamada de “república do café com leite”. A população tinha pouca participação política e o voto não era secreto — facilmente, portanto, controlado pelo poder dos coronéis locais (“coronelismo” e “voto do cabresto”). Antes da Revolução, principalmente no decorrer da década de vinte, muitos movimentos de cunho revolucionário, sobretudo nascidos no baixo oficialato do Exército Brasileiro, emergiram contra a política da República Velha. Estes movimentos tinham sua base ancorada nos tenentes do exército e ganharam o nome genérico de Tenentismo. Em suas reivindicações, os tenentes nunca lograram um êxito duradouro e após a morte de Siqueira Campos e o exílio de Prestes Maia, acabou perdendo força, mas voltaria à tona em 1930 quando os fatos que resultaram das eleições daquele ano acabaram por culminar no assassinato de  João Pessoa, que havia disputado as eleições como vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas. Vamos entender essa história?

Os precedentes da Revolução.

Durante os preparativos para a disputa eleitoral que elegeria o sucessor do presidente Washington Luiz nas eleições previstas para março de 1930, Minas e São Paulo romperam o ‘acordo’ sucessório que por anos mantiveram, e, pelo qual, naquele ano deveriam eleger um presidente indicado por Minas Gerais. Getúlio Vargas, então presidente do Rio Grande do Sul, era o nome favorito dos mineiros, mas Washington Luiz mostrou-se relutante em declarar apoio ao nome de Vargas e, já em 1929, manifestou abertamente o seu interesse em apoiar Júlio Prestes, o candidato paulista. Com a cisão, a medida que aproximava-se o pleito, Minas e Rio Grande do Sul firmaram um acordo com a indicação de Getúlio para presidência, e passaram a buscar o apoio de outros Estados. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro declinaram, mas mineiros e gaúchos encontram receptividade entre os paraibanos, que lançaram o nome de João Pessoa como vice na chapa de Vargas. Foi formada, então, a Aliança Liberal, partido que faria frente ao candidato de W. Luís pelo Partido Republicano Paulista (PRP).

O resultado das urnas foram desfavoráveis a Vargas, que apesar de empolgar o eleitorado com bandeiras progressistas, acabou derrotado no pleito. Além disso, candidatos mineiros e paraibanos, eleitos para a Câmara dos Deputados, acabaram por ter seus mandatos não reconhecidos. Com a adversidade nas urnas, Vargas aproximou-se do movimento tenentista que, paralelamente às disputas eleitorais, já tramava um levante armado. O estopim para a mobilização veio, contudo, de um fato inesperado. Em julho de 1930, quatro meses apenas após a eleições, o candidato a vice na chapa de Vargas, João Pessoa, foi assassinato em Pernambuco. O fato motivou os tenentes, que desencadearam a revolução sob a comando militar do general Góis Monteiro e a liderança civil de Getúlio Vargas.

A Revolução.

A Revolução de 1930 durou pouco menos que trinta dias. Foi deflagrada à 03 de outubro e culminou com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder no dia 03 de novembro daquele mesmo ano. O movimento revolucionário teve início no Rio Grande Sul, que logo evoluiu com sucesso tomando Santa Catarina e Paraná, estacionando suas tropas às portas do Estado de São Paulo, um dos centros da resistência do governo federal. Da nordeste, um dia depois, partiram as forças que marcharam em direção à capital federal, após tomar Paraíba e Pernambuco. Com o avanço das tropas revolucionárias, apenas São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Pará, mantiveram-se sob o controle do governo. A revolução já mostrava-se triunfante, quando à 24 de outubro uma junta do alto comando militar depôs o presidente Washington Luiz. Com a deposição do presidente, cessou toda a resistência do governo e no dia 31 de outubro, Getúlio Vargas, na condição de chefe supremo da revolução, desembarcou no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Washington Luiz partiu para o exílio e Getúlio Vargas tomou posse como chefe do Governo Provisório da República. Era o fim da Revolução e o início da Era Vargas.