Roma – História e Atualdiades https://historiaeatualidades.com.br Com o prof. Richard Abreu Sun, 31 Jul 2022 11:00:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8 O édito de Constantino que consagrou o domingo como um dia de descanso. https://historiaeatualidades.com.br/2022/07/31/o-edito-de-constantino-que-consagrou-o-domingo-como-um-dia-de-descanso/ https://historiaeatualidades.com.br/2022/07/31/o-edito-de-constantino-que-consagrou-o-domingo-como-um-dia-de-descanso/#respond Sun, 31 Jul 2022 11:00:00 +0000 https://richardabreu.com.br/?p=10568 Em quase todo o mundo ocidental o domingo é considerado oficialmente como um dia de descanso. Em países, como o Brasil, cuja legislação trabalhista avançou em direitos para os trabalhadores, a Constituição Federal consagra o domingo como dia de repouso semanal, com previsão de remuneração diferenciada quando exercido como dia útil.

Em um mundo globalizado, regido pelas engenhosas engrenagens do mercado financeiro, podemos considerar o domingo, então, quase que universalmente como o dia do descanso, já que as bolsas de valores não funcionam e não há operações bancárias, o que faz do domingo, um dia sem atividades úteis para o mercado.

De onde, no entanto, herdamos a tradição de guardar o domingo como dia de repouso semanal?

Origem do dia de Domingo

As raízes do domingo como dia de descanso remontam a um édito publicado pelo Imperador Flávio Constantino, no ano de 321 d.C. Em seu famoso édito, Constantino estabelecia que “todos os juízes, todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol“. Os trabalhadores do campo, no entanto, podiam fazer uso do domingo como dia útil, conforme concluía a sentença: “Não obstante, atentem os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos: visto acontecer com frequência que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha, daí o não perder o tempo oportuno dos benefícios concedidos pelo céu“. Desde então, no mundo ocidental, forte tributário da cultura greco-romana, o domingo passou a ser um dia reservado ao descanso e ao culto religioso.

Domingo, o venerável dia do Sol

Em inglês, o domingo chama-se “sunday”, e isso, literalmente, quer dizer “dia do Sol”. Não se trata de uma tradução direta, mas da forma como cada idioma denominou os dias da semana. Em alemão, por exemplo, o domingo chama-se “sonnetag”, que a exemplo do inglês, em tradução livre, quer dizer a mesma coisa, “dia do Sol”. Tanto o inglês quanto o alemão são idiomas que partilham um tronco linguístico comum, o germânico. Já o português, tal com o espanhol e outras línguas, com o italiano e o francês, são derivados do latim. Em espanhol, o domingo chama-se “domingo” mesmo, em italiano “domnique” e, em francês, “domenique”, ou seja, a palavra “domingo” com alguma pequenas variações.

Domingo ou Sunday?

A palavra Domingo deriva do latim, Dominus, que quer dizer “Senhor”. Dies Dominus, portanto, do latim, traduz-se por “Dia do Senhor”. Em inglês, o dia chama-se Sunday, que em tradução livre quer dizer “Dia do Sol”. Em nossa cultura persistiu a tradição latina, logo, no Brasil, e em outros países cujo tronco linguístico é o latim, a exemplo daqueles que falam o Espanhol, o primeiro dia da semana chama-se Domingo. Em italiano Domenica e em francês, Dimanche. Mas, entre os povos, cujo idioma tem origem no tronco-linguístico germânico, a exemplo dos inglês, o nome do dia foi preservado como dia do sol, em tradução para o inglês, Sunday. No alemão, por exemplo, o domingo chama-se Sonntag. Sol, em alemão, é sonne, e dia é tag.

Quando o cristianismo suplantou o paganismo, em número e em importância política no Império Romano, pouco a pouco, o culto dedicado, inicialmente, ao deus pagão Solis Invictus, foi direcionado pela Igreja, para o dogma cristão, fazendo do domingo o dia das práticas e ritos devotados a Jesus Cristo.

Domingo, portanto, do Latin, é Dia do Senhor. Na Roma pagã, era o dia de adorar ao deus Solis Invictus, o ‘senhor’ deles. Herdado, portanto, da tradição pagã romana de adorar ao seu deus nesse dia da semana, permaneceu, na cultura cristã, a prática de fazê-lo, mas agora voltada para a divindade em que acreditavam, Jesus Cristo. Dai o motivo das missas serem realizadas, tradicionalmente, até dias de hoje, aos domingos.

Gostou de saber? Bom domingo a todos!

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Transição da Monarquia para a República na Roma antiga https://historiaeatualidades.com.br/2021/05/15/roma-antiga-periodo-monarquico/ https://historiaeatualidades.com.br/2021/05/15/roma-antiga-periodo-monarquico/#respond Sat, 15 May 2021 21:39:02 +0000 https://richardabreu.com.br/?p=9980 Durante os dois primeiros séculos da fundação de Roma, a cidade foi governada por um sistema de governo monárquico. Esse período é denominado de Realeza, ou Monarquia, e vai de 509 à 753 a.C. Durante a Monarquia, Roma teve sete reis. Os quatro primeiros eram de origem latina e sabina: Rômulo, Numa Pompílio, Túlio Hostílio e Anco Márcio. A partir do reinado de Anco Marco, a cidade caiu sob domínio etrusco, sendo governada por Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio, o Soberbo. Os reis etrusco governaram Roma despoticamente, aboliram o Senado e restringiram o poder dos patrícios. Sob o reinado de Tarquínio, o Soberbo, uma revolução abalou as bases da Monarquia, expulsou os etruscos e instaurou a República. Com o início da República, consolida-se o domínio latino na região do Lácio, e Roma inicia o seu processo de expansão e conquista da península Itálica.

Por que Roma tornou-se uma República?

A república romana emergiu de uma uma revolta de patrícios contra o último rei etrusco que governou a cidade, Tarquínio, o Soberbo. O estopim para a revolta, adveio de um fato insólito, que envolve o estupro de Lucrécia, filha de uma influente família de patrícios romanos, por Sexto Tarquínio, filho do Soberbo. O fato revoltou a classe de patrícios, que rebelou-se contra o governo, pondo fim ao reinado etrusco em Roma, instaurando a República. A revolta foi liderada por Lúcio Júnio Brutus, sob o argumento de que no sistema de governo monárquico o poder é centralizado nas mãos de um único homem, o que levava, inevitavelmente aos excessos e à tirania.

Não há comprovações históricas sobre tais fatos, pois parte da história romana desse período tem, unicamente, por fonte, lendas que subsitiram ao tempo. A historiografica moderna, no entanto, reconhece, que desde o início do período monárquico, houve uma intensa disputa de poderes, entre a classe alta de Roma, formada por patrícios, e o poder central, emnado do rei. Esta tensão culminou na revolta, em fins do século VI, que pôs fim, definitivamente, ao regime monárquico.

Em resumo

Roma, desde sua fundação, foi uma monarquia. Este período vai de 753 à 509 a.C, quando uma revolta de patrícios instaurou a República. O estopim da revolta patrícia, foi o estupro de Lucrécia, filha de uma influente família romana, por Sexto Tarquínio, filho de Tarquínio, o Soberbo, último rei a governar a cidade. Durante a Monarquia, Roma foi governada por sete reis, sendo quatro deles latinos e sabinos, e os últimos três de origem etrusca. O reinado dos reis etruscos, indicam um possível domínio da Etrúria sobre Roma, no último período da monarquia.

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O que diz a lenda de Rômulo e Remo sobre a fundação de Roma? https://historiaeatualidades.com.br/2021/05/02/a-lenda-de-romulo-e-remo-e-a-fundacao-de-roma/ https://historiaeatualidades.com.br/2021/05/02/a-lenda-de-romulo-e-remo-e-a-fundacao-de-roma/#respond Sun, 02 May 2021 21:17:39 +0000 https://richardabreu.com.br/?p=9761 A fundação de Roma está envolta em uma lenda que narra a história de Rômulo e Remo, dois irmãos gêmeos, que ao nascer, foram lançados às águas do rio Tibre por seu tio-avô Amúlio. Conta, a lenda, que Amúlio havia usurpado o trono de Alba Longa de seu irmão Numitor e, ao tentar afogar os gêmeos, pretendia livrar-se dos herdeiros legítimos do trono usurpado. Essa narrativa mítica, em parte, substitui dados históricos sobre as origens de Roma, uma vez que este período específico da história romana é carente de fontes históricas. Nesta publicação, vamos conhecer importantes aspectos da lenda de Rômulo e Remo, assim como, analisar, a partir do ponto de vista histórico, as circunstâncias da fundação da cidade.

A lenda de Rômulo e Remo e a fundação de Roma

Lupa Capitolina – Rômulo e Remo amamentados por uma loba

Narra a lenda que a cidade de Roma foi fundada por dois irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, que seriam descendentes de Eneas, herói da Guerra de Troia. Eneas teria abrigado-se na península Itálica após a derrota para os gregos e dado origem ao povoado de Alba Longa. Em determinado momento da história, surgem as figuras de Amúlio e Numitor. Este último tornou-se rei de Alba Longa, e teve seu trono usurpado pelo irmão, Amúlio. Ao usurpar o trono, Amúlio aprisionou Rea Silvia, filha de Numitor, e obrigou-a a servir como vestal em seu palácio, para que fosse mantida casta. Assim, esperava Amúlio, não haver herdeiros que pudessem reivindicar o trono no futuro. Rea, no entanto, foi desposada por Marte, deus da guerra, e trouxe à luz Rômulo e Remo.

Para livrar-se dos legítimos herdeiros, Amúlio os acomdou em um cesto e os lançou às águas do rio Tibre, na esperança de não voltar a vê-los. Mas, à altura do monte Palatino, o cesto encalhou e os dois gêmeos foram resgatados e amamentados por uma loba, sendo, posteriormente, cuidados por camponeses locais. Na fase adulta, ao descobrirem suas origens, os gêmeos retornaram à Alba Longa, justiçaram Numitor, que era seu avô, com a morte de Amúlio, e lhe restituíram o trono. Em seguida, voltaram ao local onde foram resgatados e fundaram a cidade de Roma.

Conta a lenda, ainda, que em um acesso de ira, quando discutiam sobre as demarcações de Roma, Rômulo matou Remo, após este cruzar as linhas que havia traçado para fundação da cidade. Com a morte de Remo, Rômulo se tornou o primeiro rei de Roma e governou a cidade por um período razoavelmente longo. No fim de sua vida, Rômulo desapareceu em uma tempestade, em circunstâncias misteriosas, e foi sucedido por Numa Pompílio.

Aspectos históricos da fundação de Roma

Uma lenda não guarda, necessariamente, relação direta com fatos reais, e assim, acontece com a lenda de Rômulo e Remo, que narra a história da fundação de Roma a partir de uma visão mítica. Mesmo assim, a lenda é importante, porque nos ajuda a entender como os romanos concebiam a sí próprios e à sua história. A lenda remete as origens da cidade à uma tradição de herois, e estrutura sua narrativa assentada em atos de heroismo e bravura, que é como os romanos desejavam ver a sí mesmo.

Historicamente, sabe-se que Roma, em seus primórdios, não passava de um vilarejo bastante acanhado, situado às margens do rio Tibre, cujos habitantes habitavam palhoças. A cidade desenvolveu-se a partir de dispustas territoriais contra os Etruscos, povo que habitava a região ao norte do Lácio, e cuja civilização era bem mais desenvolvida que a dos latinos, os povos que fundaram Roma. A sua localização inicial, possivelmente, foi um posto militar, criado para conter o avanço etrusco na região. Sobre este período, há poucas fontes escritas, pois os latinos ainda deixaram registros escritos, e a escrita etruscas, até os dias de hoje, não pode ser decifrada.

É sabido que, por volta do século VIII a.C os latinos dominaram a região do Lácio, vizinha à Etrúria, e ali lançaram as bases da fundação da cidade. O ano de 753 a.C, é tido como o marco inicial de Roma, quando tem início o período denominado de Realeza, ou Monarquia Romana. Esse período teve duração de aproximadamente dois séculos e teve fim em 509 a.C, quando um revolução pôs fim à Monarquia e instaurou a República. Foi durante o período repúblicano que Roma expandiu e conquistou a maior parte de seu território, cujas conquistas foram consolidadas durante o período Imperial, que durou de 27 a.C ao século V. A partir dai, abalado por crises internas, o Império Romano do Ocidente ruiu ante as invasões do povos bárbaros, que culminaram em 476 a.C, com a deposição do último imperador romano do ocidente.

Quem eram os romanos?

O termo “romano” só veio a se tornar corrente, após a fundação da cidade de Roma. Até então, os povos que habitavam a penísula Itálica, eram denomiados italiotas ou itálicos, além dos gregos e etruscos. Os italiotas eram formados por tribos diversas, cujos troncos principais eram os latinos, os sabinos, os samitas e os úmbrios. Essas tribos adentraram a península Itálica por volta do segundo milênios antes de Cristo e eram oriundos da Europa oriental. A origem dos povos etruscos é bastante obscura, devido à escassez de fontes, mas sabe-se que ocupavam a região próxima ao Lácio, pelo menos mil anos antes da chegada dos latinos. Os gregos, por sua vez, haviam adentrado à região a partir da ilha de Sicilia, localizada ao sul da península, separada apenas por uma estreita faixa do mar Mediterrâneo.

Slide 2 – Distribuição dos povos Etruscos, Italiotas e Gregos na península Itálica.

Localização espaço-geográfico da península Itálica e de Roma

Roma está situada na parte central da península Itálica, próxima ao mar Tirreno. Atualmente, a península abriga os Estados modernos da Itália, San Marino e Vaticano. A península Itálica estende-se por sobre o mar Mediterrâneo, em um formato parecido ao de uma bota. É ladeada, ao oeste pelo mar Tirreno, onde situam-se as ilhas de Córsega, Sardenha e Sicília, e a leste pelo mar Adriático. Ao sul seus limites são dados pelo mar Jônico, e ao norte, pelas cordilheiras dos Alpes. Foi nessa singular região, ao sul da Europa, que Roma cresceu, desenvolveu-se, e em poucos séculos, dominou praticamente todo o Mediterrâneo, formando o mais importante império da Antiguidade, exercendo domínio cultural e econômico sobre diversos outros povos da região.

Slide 1 – Península Itálica em um mapa atual – Fonte: Google Maps
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